domingo, 16 de novembro de 2008

[Janela Internacional] Seleção confirma pluralidade


Por: Aluizio Franco

Conflitos amorosos, a câmara como protagonista e histórias pessoais. Esses foram os temas deste segundo dia da mostra competitiva da "Janela Internacional de Cinema do Recife", que aconteceu neste último sábado (15), no Cinema da Fundação. Temas tão plurais, abordagens tão diferentes. O que dizer então das origens? Israel, França, Canadá, México. No Brasil: Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro... e nem começou a Mostra Pernambucana ainda.

Mostra Internacional

Intitulada de "1 + 1 Nem Sempre é 2", a mostra internacional abriu o sábado com curtas explorando dramas afetivos. O clichê do acaso desenvolvido de forma delicada em "Encontros e Desencontros", por Sofia Coppola, estava presente no mexicano "En Trânsito", de Isabel Muniz Callejas. Após se conhecerem numa fila de emprego, o casal curte bons momentos até anoitecer, mas como ele está de partida para outra cidade, a concretude dessa união é frustrada. E agora me ocorre mais um clichê: o amor impossível.

Ao contrário deste e sem muitas invencionices no roteiro, Yann Coridian provou que 'menos é mais'. Com uma câmera ligada nos atores Malik Zidi e Sarah Le Picard, Coridian nos presenteou com diálogos e reações espontâneas e um filme de amor com a simplicidade necessária em "Le Baiser".

"The Tale Of The Little Puppetboy", no entanto, foi o que mais provocou reação da platéia, encerrando a mostra com risos em cena aberta. A desgraça alheia sempre foi material de piada, mas se tratando das aventuras sexuais de um boneco de massa de modelar em stop motion o resultado é hilário.

Mostra Brasileira

A primeira sessão da mostra nacional, "Papel da Câmara", apresentou curtas em que a câmara era discutida ora objetivamente (sendo enquadrada), ora subjetivamente (explorando outras possibilidades de movimentos e ângulos). "Longa Vida Ao Cinema Cearense" dos Irmãos Pretti, utilizou um recurso que lembra bastante o plano-seqüencia de "Elefante", de Lars Von Trier. Isso traz a tona a velha discussão: até onde pode ir o exercício estético do diretor? E o conteúdo, pode ser esquecido? Bem, essas são perguntas que voltarei a discutir em outro momento.

A mostra brasileira seguinte, "Salvar Arquivo", exibiu dente outros filmes, "Irmãos Collyer", documentário sobre os personagens-título que morreram soterrados pelos próprios objetos que acumulavam descontroladamente. Narrando a história do modo de produção capitalista paralelamente ao fato curioso, o curta consegue criar um discurso crítico inteligente em relação ao consumo desenfreado de nossa sociedade.

Igualmente interessante, "Ismar", de Gustavo Beck, apesar de divertir bastante, levantou uma questão que já teve um tratamento sério em "Magnólia", de Paul Thomas Anderson. Ismar, personagem da vida real, se assemelha com o garoto Stanley de Anderson, que obrigado pelo pai, participava de um programa de TV de perguntas e respostas em busca de prêmios. Alias, hoje temos uma garotinha de muito sucesso na TV brasileira que pode estar passando por situação semelhante.

Encerrando a noite, foi exibido pela primeira vez na cidade, o novo longa-metragem dos irmãos Coen (Onde Os Fracos Não Têm Vez), com estréia prevista para 28/11.

(Texto publicado no site www.boivoador.com)

Fotos: (1), (2) e (3): divulgação

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