sábado, 15 de novembro de 2008

[Janela Internacional] "Menino-Aranha" discute arquitetura do medo


Por: Aluizio Franco

Cinéfilos, leitores deste blog, acabo de chegar do primeiro dia de exibição da "Janela Internacional de Cinema de Recife" no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco. Com certeza muito de vocês estavam lá, então comentem o que acharam da programação desta sexta-feira aqui neste post.

A abertura aconteceu ontem no Teatro do Parque, dando início a mais um festival que fomentará a cena cinematográfica pernambucana - especialmente a produção de curta-metragem.

Um dos filmes da Competição Brasileira que me chamou bastante atenção esta noite foi "Menino-Aranha", de Mariana Lacerda. Uma co-procução entre Pernambuco e São Paulo que em tom fábula, abordou a história de Tiago João, o menino-aranha. O rapaz ficou conhecido por escalar prédios de luxo e furtar dinheiro e jóias, sendo assassinado em dezembro de 2005. Curiosamente Mariana optou por não personalizar os depoimentos. Enquanto ouvimos um mosaico de pessoas (?) que tentam reconstruir um personagem esquecido pelo tempo, vemos imagens de arranha-céus, planos aéreos do Recife e closes de apartamentos. Imagens que constatam como nossa sociedade se estrutura através da arquitura do medo e de que forma as soluções que criamos são estúpidas diante de um menino que escala cinco, dez andares.


Arquitetura do medo

Muros altos, arames farpados, guaritas blindadas, grades, redes de proteção, alarmes de segurança, câmeras de vídeo, cercas elétricas... há residências e edifícios de classe média que parecem um castelo medieval. No entanto, esse isolamento doméstico vende uma falsa idéia de segurança, dizem arquitetos e urbanistas.

Se meu muro é baixo e tenho janelas largas, eu tenho maior visibilidade do que acontece na minha rua e meu vizinho terá uma maior comunicação comigo. Essa lógica de solidariedade comunitária aliada à visibilidade poder influir bastante na segurança de sua residência.

Fotos: (1) divulgação, (2) divulgação, (3) André Gardenberg

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